Saiba o que os atletas brasileiros vão comer nas Olimpíadas de 2024
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam em 24 de julho, com a cerimônia de abertura marcada para o dia 26, mas os preparativos para a chegada dos atletas já estão a todo vapor. Isso inclui o cardápio que os esportistas brasileiros terão à disposição durante o evento.
A alimentação oferecida para os atletas e funcionários do Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem uma pegada saudável, é bem abrasileirada e possui um gostinho de conforto emocional. É o que garante Renata Parra, coordenadora de nutrição do COB e nome por trás da elaboração do cardápio na base do Time Brasil.
“Partimos do princípio de uma alimentação mais limpa, sem temperos artificiais, com um tempero moderado, nada muito condimentado, nada apimentado. É mais sal, cebola e ervas naturais. Tentamos oferecer a combinação que todo atleta ama, que é o arroz e o feijão”, diz Renata diretamente de Paris.
A base do COB foi montada no Château de Saint-Ouen, a cerca de 600 metros da Vila Olímpica, local que receberá 15 mil atletas do mundo inteiro, incluindo o Time Brasil, com 276 atletas. “Desde as Olimpíadas de Londres, o Brasil cria uma base para dar suporte antes deles entrarem na Vila. Nem todas as modalidades passam por essa base, já que algumas têm provas em outros lugares”, conta a coordenadora.
Farofa e brigadeiro no cardápio
Além do arroz e do feijão, um item muito pedido pelos atletas tem sabor de Brasil: a farofa. “Então oferecemos farofinha de vários sabores”, revela Renata.
Há ainda opções de carboidratos diferenciados, com foco nos atletas que precisam de reposição em momentos de desgaste; assim como sempre há um tipo de batata, dois tipos de massa — com molhos à parte –, legumes variados e dois tipos de proteínas, uma vermelha e uma branca, sempre grelhadas ou cozidas. Nada é frito e nem empanado.
“A salada é básica, sem incrementar muito. Eles gostam mais do básico: alface, tomate, cebola, cenoura, beterraba. Para o atleta que não come nenhum tipo de carne, sempre colocamos a opção vegana do dia. Se é vegetariano, sempre há algo com ovo, ou ainda hambúrguer de vegetais, uma linguiça de vegetais ou bife de soja”, explica a nutricionista.
Entre as sobremesas podem aparecer frutas variadas, sorvete de frutas, queijo com goiabada, mousse de chocolate, brigadeiro e até pudim de chia com coco e manga, por exemplo. “Vamos colocar um doce para ter um agrado. Vamos ter a parte equilibrada, mas também a parte de conforto emocional”, garante.
A gente acha que ter nutricionista é sinônimo de comida sem sabor, que só vai ter salada e frango. Pelo contrário: você vê que tem farofa, arroz e feijão, massa. Tem de tudo, mas de uma forma equilibrada
Renata Parra, Coordenadora de Nutrição do Comitê Olímpico do Brasil
Sucos naturais, água com gás, cafezinho e chá completam o buffet. O cardápio foi elaborado junto da chef Sarah Lima, brasileira que atua na França. Desta vez, nada foi levado do Brasil: todos os produtos são locais e seguem a sazonalidade.
A base, que fica fora da Vila Olímpica, é uma operação própria do Comitê Olímpico do Brasil e recebe tanto atletas quanto funcionários, chefes de confederações e pessoas importantes politicamente. Além deles, convidados também poderão passar por ali e ter acesso ao buffet. Os atletas, porém, têm a liberdade de comer ou na base ou no restaurante principal da Vila.
“Maior restaurante do mundo”
Com 3.500 lugares para atender os 15 mil atletas e servir até 40 mil refeições por dia, o restaurante principal da Vila Olímpica já recebe o apelido de maior restaurante do mundo. Mais de 500 receitas foram criadas para o local, incluindo pratos franceses, da Ásia, da África, do Caribe e “internacionais”.
“A vila acaba sendo mais cômoda porque fica mais próxima, em que oferece todos os tipos de alimentação. Há uma alimentação mais condimentada, mais gordurosa, mas também aquela equilibrada nutricionalmente. Então tem a parte mais saudável e tem a parte de pizza, hambúrguer e refrigerante o tempo todo”, comenta Renata Parra.
A maioria dos atletas, porém, já tem um acompanhamento de nutricionistas, que ajudam nas decisões do que colocar no prato — modalidades de luta, por exemplo, exigem diferentes escolhas alimentares antes de uma prova em comparação a outros esportes que demandam mais carboidratos.
Enquanto o restaurante da Vila ficará aberto 24 horas por dia nos sete dias da semana, a alimentação na base brasileira terá almoços e jantares, que serão servidos de segunda a segunda e, a princípio, das 12h às 15h e das 18h às 21h.
Posso adaptar o cardápio em casa?
A alimentação equilibrada trabalhada no cardápio das Olimpíadas também pode ser seguida em casa. “Em geral, as pessoas acabam cortando carboidrato e comendo salada com proteína, o que acaba gerando uma falsa sensação de emagrecimento. A ideia é equilibrar as quantidades dos macro e micronutrientes em todas as refeições”, aconselha a Coordenadora de Nutrição do COB.
Segundo ela, o ideal é que metade do prato seja de salada e vegetais cozidos. Já a outra metade deve ser dividida em um quarto de carboidrato (arroz e feijão, por exemplo) e um quarto de proteína. Beber água e não fazer jejuns prolongados também são essenciais. “O que é bom para atleta também é bom para a gente”, lembra.
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