PM investigado em tentativa de homicídio de fisioterapeuta também responde por assassinato em boate
Jack Andreson Almeida Leite é apontado como o autor dos disparos que resultaram na morte de Paulo Cezar Xavier Júnior em 2019. Ele teria trabalhado como segurança para a médica Melissa Isabelle Alves de Lima, apontada como a mandante do assassinato do fisioterapeuta em 2020.
O policial militar Jack Andreson Almeida Leite, que está sendo investigado pela suposta participação na tentativa de homicídio do fisioterapeuta Huxley Luiz Majadas de Lima, enfrenta um processo de homicídio que iniciou em 2019. O crime aconteceu numa boate de Palmas e o militar foi acusado de disparar contra Paulo Cezar Xavier Júnior.
A defesa de Jack afirmou que ele não tem envolvimento com este crime e que vai comprovar isso durante instrução processual. “Ele não tem nada a ver, nada, absolutamente nada. São uma denúncia formalizada em conjectura e prognósticos prematuros”, disse o advogado Paulo Roberto.
Jack Andreson Almeida Leite é investigado em tentativa de homicídio de fisioterapeuta e também responde por assassinato em boate — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão no endereço de Jack na quinta-feira (12), para recolher materiais que vão auxiliar na investigação da tentativa de homicídio contra o fisioterapeuta. A ex-mulher de Huxley, a médica Melissa Isabelle Alves de Lima, é apontada como suposta mandante do crime.
Tiros na saída de boate
Na denúncia sobre a morte de Paulo Cezar Xavier Júnior, em abril de 2019, o MPTO apurou que Jack estava conversando com a vítima em uma casa noturna. Em determinado momento, eles começaram a discutir, resolveram sair da boate e foram para a rua.
Segundo a denúncia, o policial teria atraído Paulo para um local sem movimento e quando o comparsa chegou em um carro e distraiu a vítima, Jack sacou uma arma e atirou. Paulo Cezar caiu e morreu ainda no local.
Após o crime, Jack entrou no carro e fugiu da região com outra pessoa. Em junho de 2021, o MPTO denunciou Jack Andreson por homicídio com agravante de dissimulação ou outro recurso que dificultou a defesa da vítima.
Em fevereiro deste ano, o Judiciário determinou que o processo fosse incluído em pauta para audiência de instrução e julgamento, o que ainda não aconteceu. O Tribunal de Justiça foi procurado, mas não informou quando o caso será julgado.
Buscas e apreensões
A operação para investigar a tentativa de homicídio contra o fisioterapeuta Huxley Luiz Majadas de Lima ocorreu nesta quinta-feira (12). Policiais civis fizeram buscas em endereços da médica e do pai dela, Sebastião Alves de Lima Filho, de 78 anos. Também são investigados os policias Jack Andreson, Ary Neres de Morais, de 39 anos e Danillo Carvalho Solino de França, de 30 anos.
O Jack teria ligação com a médica por ser um dos seguranças dela e, segundo a investigação, teria feito pesquisas com o nome do fisioterapeuta no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública. A polícia entendeu que ele estava monitorando a vítima antes da tentativa de homicídio, que aconteceu no dia 16 de abril de 2020, no setor Aureny III.
Câmera de segurança registrou fisioterapeuta correndo após ser baleado — Foto: Reprodução
A operação da Delegacia de Homicídios foi autorizada pelo juiz Cledson Nunes, da 1ª Vara Criminal de Palmas, com parecer favorável do Ministério Público.
O inquérito segue em andamento, pois ainda há questões a serem esclarecidas. “O material recolhido será analisado, a fim de aferir a real participação de cada envolvido, e juntado aos autos. O inquérito policial deverá ser concluído nos próximos dias, com autoria definida e respectivos indiciamentos”, informou a SSP.
O advogado Kaique Fraz, que representa a médica Melissa e o pai dela, disse que ainda não teve acesso ao teor das investigações e está esclarecendo as alegações com os clientes. Disse ainda que os autos estão resguardados pelo sigilo judicial, e por isso não poderia dar mais detalhes sobre o caso.
O advogado Paulo Roberto, que se identificou como advogado dos policiais militares, disse, por telefone, que não tomou conhecimento das acusações e deve se pronunciar assim que obtiver acesso ao inquérito e aos detalhes da investigação.
Segundo o inquérito, o casal se divorciou em 2019 e segundo a vítima relatou à Polícia Civil, a relação entre ficou ainda mais conturbada depois desse período.
Depois da separação, o fisioterapeuta contou que Melissa passou a ter um comportamento agressivo e a persegui-lo e a fazer denúncias contra ele, relacionadas a violência doméstica.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) disse que a médica segue trabalhando no HGP, e que não foi notificada da ação e aguarda a manifestação dos órgãos competentes para tomar as medidas cabíveis (veja íntegra ao final da reportagem).
A Polícia Militar informou que tomou conhecimento da investigação e ressaltou que vai colaborar com as apurações no âmbito da polícia judiciária. A corregedoria da instituição abrirá procedimentos administrativos para apuração dos fatos (veja íntegra ao final da reportagem).
Relembre o crime
O fisioterapeuta trabalhava no Centro de Referência em Fisioterapia da Região Sul de Palmas (Crefisul), e foi baleado durante o intervalo de trabalho. Testemunhas informaram para a Polícia Militar que os disparos foram feitos por dois homens em um carro de cor branca.
Testemunhas também afirmaram ter visto homens em um carro branco fazendo uma espécie de campana, do outro lado da rua do trabalho da vítima, e que não houve tentativa de assalto.
Veículo usado por suspeitos na tentativa de homicídio de fisioterapeuta — Foto: Divulgação/Polícia Civil
O homem foi atingido por seis dos nove tiros disparados contra ele, mas conseguiu caminhar, voltar para o trabalho e pedir socorro. Ele foi levado para a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Palmas (HGP) e sobreviveu.
O fisioterapeuta ficou internado no HGP por duas semanas e precisou ser hospitalizado novamente uma semana depois, por complicações médicas. Por medo de atentarem novamente contra a sua vida, ele mudou de estado para dar continuidade ao tratamento.
Íntegra da nota da Polícia Militar
A Polícia Militar do Tocantins informa que tomou conhecimento sobre os mandados de busca e apreensão realizados pela Polícia Civil nos endereços de três policiais militares. Por se tratar, em tese, de fatos que não têm correlação com atividade policial militar, as investigações são de competência da Polícia Civil.
Ressaltamos que a Polícia Militar irá colaborar com as apurações no âmbito da polícia judiciária e a corregedoria da instituição abrirá procedimentos administrativos para apuração dos fatos.
A Polícia Militar repudia veementemente qualquer conduta que contrarie os princípios da legalidade, da ética e da moralidade e reafirma o compromisso com a apuração rigorosa conforme a lei.
Íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que não foi notificada da ação e aguarda a manifestação dos órgãos competentes para tomar as medidas cabíveis.
A SES-TO destaca que, enquanto isso, a médica, que é servidora efetiva da Pasta, segue trabalhando no Hospital Geral de Palmas (HGP), onde não há reclamações sobre sua conduta profissional.
(Fonte: g1 Tocantins)