Influenciadora explora o mundo pelo Google Earth e viraliza: “Até ficar feio“
Em um vídeo de apenas dois minutos e 24 segundos, Natasha Gupta viaja por toda a França. Ela admira um impressionante labirinto, uma cena de pôr do sol nebuloso, uma catedral imponente e um belo prédio com mosaicos. Cada um desses pontos, Gupta declara como “não feio”, em tradução literal do inglês para o português. Assista ao vídeo mais abaixo.
Então, ela encontra uma vista mais comum — um Holiday Inn à beira da estrada. Parece um pouco sem graça. Comum.
“Feio”, dispara Gupta, sem hesitar. O vídeo acaba imediatamente.
Explorando pelo Google Earth
Tecnicamente, Gupta não explora a França no vídeo. Na verdade, ela se filma enquanto explora o país pelo mapa interativo Google Earth, apontando locais aleatórios e avaliando cada lugar na hora.
Grande parte do vídeo foca nas imagens do Google Earth, mas Gupta aparece no canto inferior da tela clicando através dos cenários virtuais, com uma parte do laptop onde faz suas pesquisas aparecendo na cena. Ela fala pouco, apenas para declarar o que vê como “não feio” ou “feio”. Seus olhos se arregalam e sua testa se franze dependendo do que aparece.
Você pode pensar que esse conteúdo parece meio banal ou sem graça. A internet discordaria. A exploração de Gupta pela França já foi vista 6,5 milhões de vezes e continua crescendo no TikTok.
@natooooooosh Replying to @Dédé_26 Exploring France until it’s ugly 🇫🇷 #googleearth #asmr #travel #geoguessr #france
Esse nem é seu vídeo mais popular. A gravação explorando as Filipinas foi vista 13,4 milhões de vezes, enquanto a versão do Japão acumulou 17,6 milhões de visualizações.
Tudo isso faz parte da presença de Gupta no TikTok, onde ela se descreve como alguém que está “explorando todos os países até que sejam feios”, como diz em sua biografia.
Gupta se define como metade singapurense e metade indiana. Ela se mudou para o Reino Unido ainda criança e diz que adora viajar. Seus vídeos no Google Earth surgiram do desejo de explorar o mundo, nas limitações de sua vida em Londres no início dos seus 20 anos. Ela não tem dinheiro para viajar pelo mundo, mas explorar pelo Google Earth é gratuito.
Gupta também gosta da ideia de “mostrar que todos esses países têm sua própria beleza” e de “desafiar os preconceitos” associados a determinados destinos.
Explorando o mundo
Gupta postou seu primeiro vídeo da série “explorando todos os países até que seja feio” recentemente, em seu TikTok e Instagram (@natooooooosh em ambas as plataformas).
Rapidamente, os vídeos de Gupta viralizaram. Pessoas dos países que ela destacava concordavam ou discordavam de suas opiniões, enquanto espectadores de outras partes do mundo sugeriam novos destinos para ela explorar.
“No início, foi extremamente avassalador receber tanta atenção e comentários”, Gupta contou ao CNN Travel, embora estivesse grata por começar a ganhar “um pouco de dinheiro” com seu conteúdo.
Depois que seu vídeo sobre a Inglaterra viralizou, Gupta entrou em um trem lotado do metrô de Londres e começou a pensar: “Percebi que, enquanto estava no metrô, havia uma grande chance de que alguém ali tivesse assistido ao vídeo”.
Mas Gupta também ficou animada que seus vídeos, com uma premissa tão simples, se tornaram tão atraentes.
Nota da edição: Ela também fez um vídeo explorando o Brasil “até ficar feio”. A publicação conta com oito milhões de visualizações no TikTok até o momento desta publicação. Assista ao conteúdo abaixo.
@natooooooosh Replying to @*+:。.。🍰 ᴡᴏɴʜᴇᴇ 🍓。.。:+* Exploring Brazil until it’s ugly 🇧🇷#googleearth #asmr #travel #geoguessr #brazil
Como surgiu a ideia?
A ideia de explorar o mundo pelo Google Earth ou Google Street View como arte ou conteúdo online não é nova. Nem o conceito de explorar essas cenas virtuais até encontrar algo “feio.” Gupta sabia de algumas contas anônimas que já abraçavam essa ideia antes de ela começar seu projeto.
Mas, ao discutir esses vídeos com seu namorado — um criador de conteúdo chamado Jay Fujiwara McCaughrean, conhecido por seus vídeos ensinando inglês online —, Gupta começou a se perguntar se poderia trazer uma abordagem diferente para um conceito já estabelecido.
Ela achava que os usuários das redes sociais poderiam se identificar mais com o conceito de “explorar o mundo até que seja feio” se pudessem ver as reações e expressões faciais de quem cria o conteúdo. Isso talvez ajudasse a tornar o conteúdo mais real, colocando o espectador no lugar do criador, pensou ela.
Então, numa noite no início do verão, Gupta resolveu testar a ideia. “Abri o Google Earth na tela do meu laptop, gravei a tela e me filmei também”, relembra. “Decidi manter tudo bem simples.”
De maneira geral, existem dois tipos de conteúdos atraentes no TikTok. Há os vídeos rápidos, bem editados, com muita música, efeitos divertidos e transições.
Ainda há o conteúdo simples e descomplicado, no qual os criadores aparecem de pijama, se maquiando ou deitados na cama. Este último estava mais alinhado com as ideias de Gupta.
“O que eu queria era algo muito mais tranquilo, só uma garota no quarto, entediada e se divertindo”, explica. “Não estou arrumada, estou de pijama. Provavelmente gravei o vídeo à meia-noite e editei para postar às 3 da manhã”.
A simplicidade do vídeo de Gupta pareceu conquistar o público. Embora em vídeos mais recentes ela tenha trocado o pijama por blusas coloridas e camisas brancas, continuou mantendo o “clima relaxado que pareceu agradar às pessoas.”
Ela queria que os vídeos passassem essa sensação de descontração. E, desde cedo, os comentários sugeriam que ela conseguiu, com alguns espectadores dizendo que o conteúdo era relaxante — e até calmante. Teve quem até comentou que Gupta criou, acidentalmente, uma experiência ASMR (conteúdo que provoca uma resposta sensorial meridiana, conhecida por criar um estado meditativo). Agora, Gupta usa a hashtag ASMR em seus vídeos.
Curiosamente, Gupta não se apresenta nos vídeos. Se um usuário de mídia social tropeçar em seus TikToks ou Reels no Instagram, provavelmente saberá quase nada sobre ela. Seu nome completo não aparece. Não há menção de onde mora, de onde vem ou qual é seu trabalho (ela gerenciava uma conta corporativa de redes sociais).
Tudo o que os espectadores veem é uma pessoa sentada em frente ao laptop, explorando o mundo pelo Google Earth e comentando o que vê. “Isso é proposital”, diz Gupta sobre seu relativo anonimato. “Não é realmente sobre mim, e sim sobre os lugares”.
Além disso, como uma usuária ativa de redes sociais, Gupta sabe que o melhor conteúdo é “muito claro sobre o que está prestes a acontecer” — sem complicações.
“Você sabe que essa pessoa vai explorar até achar algo feio, e você está ali para concordar ou discordar”, é como Gupta descreve seus vídeos.
Como acontece a escolha de países?
Gupta já postou 28 vídeos no TikTok com tema de Google Earth. Cada vídeo segue praticamente o mesmo padrão: ela introduz o conceito, solta o pino em um local aleatório e começa a clicar. Às vezes, ela comenta brevemente sobre o que vê no Google Earth; outras vezes, apenas declara “não feio”.
Nos últimos meses, Gupta explorou países como Austrália e Itália. Ela também foi um pouco mais específica, escolhendo estados dos EUA, como Nova York e Ohio.
Embora Gupta sempre leia os comentários em busca de sugestões, costuma escolher os destinos com base em seu próprio interesse.
“Eu quero escolher países que talvez não recebam muita atenção”, ela explica. “Lugares como Bulgária e Polônia — acho que é por isso que muitos se identificam com o conteúdo”.
“Todos esses países têm sua própria beleza, mas nós os descartamos devido aos nossos preconceitos”.
Gupta também gosta de se surpreender. Ela escolheu Ohio com base em um comentário que sugeriu que o estado dos Estados Unidos renderia o vídeo de “TikTok mais rápido de todos”. No final, Gupta encontrou vários lugares em Ohio de que realmente gostou.
Embora alguns espectadores assumam que Gupta escolhe previamente os locais no Google Earth, ela insiste que realmente solta o pino em lugares aleatórios. “Basicamente, filmo até encontrar um lugar feio”, diz ela.
Os vídeos brutos variam de cinco a 20 minutos, mas como o TikTok e o Instagram têm limites de duração, Gupta acaba cortando o material. Ela foca nos locais mais interessantes que geram as reações mais envolventes, mas está considerando postar vídeos mais longos e sem cortes no YouTube.
Quanto à distinção entre “não feio” e “feio”, Gupta diz que tudo é subjetivo e “instintivo”. Ela admite que “o clima realmente afeta minha percepção” — a mesma vista em um dia nublado pode parecer muito mais atraente com sol, mas ela tenta não pensar demais na avaliação.
“É principalmente à primeira vista,” explica. “Eu gostaria de ir a esse lugar? Quão bonito ele é?”.
Novas viagens
Gupta também criou recentemente alguns vídeos que combinam viagens presenciais com seu cenário virtual. Antes de uma viagem “na vida real” a Milão, na Itália, por exemplo, ela olhou locais aleatórios no Google Earth e depois foi a esses lugares pessoalmente para avaliar seu grau de “não feiura”. Ela postou um vídeo semelhante explorando sua cidade natal, Londres.
Gupta sugere que essa pode ser a “próxima evolução” de seu conteúdo” — embora esteja curtindo suas viagens virtuais, suas explorações no Google Earth só aumentam o desejo de ver o mundo.
“Não é tanto que haja um lugar específico para onde eu queira ir, mas mais que estou muito mais aberta a qualquer lugar,” diz Gupta. “Porque agora sei com certeza que qualquer lugar terá alguma beleza e algum lugar onde eu vou pensar: ‘Uau, isso é incrível’”.
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