Conheça Costa Navarino, área turística luxuosa e pouco explorada na Grécia
Quando você diz que vai para a Grécia, a pergunta comum é: “Qual ilha você vai visitar?”. É uma reação natural, já que muitos turistas mal passam pelo continente. Mas, ao focar apenas nas ilhas do Egeu, deixam de explorar outros lugares incríveis.
Um desses locais é a Costa Navarino, um complexo de luxo com quatro resorts — incluindo o primeiro Mandarin Oriental da Grécia —, campos de golfe, lojas, restaurantes e spas, localizado na região de Messinia, a cerca de três horas de carro de Atenas.
A região do sudoeste da península do Peloponeso, na Costa Navarino, também conhecida pelas suas paisagens rústicas, azeitonas de Kalamata, templos antigos e uma famosa batalha naval, transforma-se em um destino turístico mundial. O local oferece história profunda, vilarejos preservados e quilômetros de praias intocadas, além de suas novas opções de luxo.
O projeto Costa Navarino, com seus múltiplos resorts e residências, inclui o The Romanos, um Luxury Collection Resort, além de hotéis W e Westin, espalhados por um complexo de 1.000 hectares. Há até uma praça chamada Navarino Agora, um vibrante centro à beira-mar com lojas, restaurantes e eventos culturais que variam de degustações de vinho a concertos gratuitos.
Os viajantes de luxo começaram a incluir a Costa Navarino em seu roteiro, assim como os destinos St. Tropez, Capri e Ibiza. A diferença é que a região grega ainda é uma joia menos explorada e, por consequência, sem as multidões desses pontos turísticos.
Uma visão ambiciosa
Tudo faz parte do sonho de um homem: o Capitão Vassilis Constantakopoulos. Fundador da maior companhia privada de transporte marítimo do mundo, Constantakopoulos cresceu no vilarejo de Diavolitsi, em Messinia, e dedicou sua vida a revitalizar sua terra natal. Ele tinha como objetivo transformar a Costa Navarino em um destino de luxo, com foco na sustentabilidade.
Essa visão, que também buscava criar oportunidades para os moradores permanecerem na região, começou a tomar forma em meados dos anos 1980. Em 1997, após adquirir grande parte das terras para o projeto, ele fundou a empresa de desenvolvimento Temes, que deu início à construção. Constantakopoulos faleceu em 2011.
“Ele queria trazer as pessoas de volta para Messinia”, explica Giota Spiliotopoulou, gerente de comunicação da Temes, sediada em Atenas. A Costa Navarino é o principal projeto do grupo Temes, que já investiu mais de 1,25 bilhão de euros (R$ 7,6 bilhões) no desenvolvimento.
O sonho do capitão se tornou um local que atende desde famílias até golfistas, com hospedagens que variam do W Hotel, focado em adultos, até o Mandarin, que abriu em agosto de 2023.
A Costa Navarino concorre com outros destinos glamourosos do Mediterrâneo, mas ao contrário de muitos desses locais, foi construída com uma abordagem sustentável.
“O Capitão Vassilis era um ambientalista dedicado. Durante a construção, movemos 7.000 oliveiras, 9.000 outras árvores e um milhão de plantas nativas, e depois as replantamos. Apenas 10 ou 15 oliveiras não resistiram”, contou Spiliotopoulou.
Além disso, não há plásticos descartáveis no complexo, sendo construídos três reservatórios para o uso sustentável da água. A Costa Navarino também tem uma parceria com a Universidade de Estocolmo para operar um observatório ambiental que mede o impacto das mudanças climáticas.
Aparentemente, se você constrói de forma responsável, as pessoas vêm. Spiliotopoulou menciona o crescente número de visitantes do Reino Unido, Alemanha e França que estão descobrindo o sudoeste do Peloponeso e o escolhendo em vez de destinos mais populares, como Maiorca, na Espanha, ou o Algarve, em Portugal.
A Costa Navarino ainda não atingiu os preços de destinos, como Capri. Alguns dos hotéis ainda oferecem diárias na faixa dos três dígitos. Por exemplo, os preços dos quartos no The Romanos custam a partir de 345 euros (R$ 2123), em 2024. Na alta temporada, as tarifas começavam em 700 euros (R$ 4308).
No ultra-exclusivo Mandarin Oriental, na tranquila baía de Navarino, as suítes na baixa temporada saem por cerca de 1.000 euros (R$ 6155).
As opções gastronômicas são quase infinitas, com mais de 40 restaurantes, cafés e bares à disposição. No restaurante Oliviera, do Mandarin Oriental, o azeite — Messinia tem um dos melhores do mundo — é levado tão a sério quanto o vinho, com uma degustação de variedades locais de nível mundial.
Muitos dos ingredientes dos restaurantes vêm de uma fazenda próxima, resultando em pratos como kayana (ovos mexidos com tomate) e tortas gregas feitas com farinha moída no próprio local.
No The Romanos, há o Barbouni, um restaurante de frente para o mar considerado o mais bonito da Grécia pelo influenciador do Instagram voyage_provacateur.
A baía de Navarino, onde estão localizados o Mandarin e o W Hotel, é um paraíso para os amantes da natureza e da história.
Passe um tempo na praia Chrisi Ammos para um mergulho nas águas azul-turquesa ou relaxe em uma piscina natural. Espalhados por três ilhas desabitadas, encontram-se monumentos em homenagem às marinhas britânica, francesa, russa e italiana, que ajudaram a Grécia a conquistar a independência nos anos 1820, quando emboscaram as forças otomanas na baía de Navarino.
Se você busca uma experiência fora do complexo, a vila de Gialova fica a apenas cinco minutos de carro. Com um clima tranquilo, o restaurante à beira-mar Kochili é conhecido por seus peixes frescos que você pode escolher pessoalmente. Mas, fiel ao estilo da região, é tão descontraído que os sapatos são quase dispensáveis.
Imersa na história
A Costa Navarino está situada em um cenário rico com 4.500 anos de história. A região é repleta de vilarejos intocados, praias desertas e uma paisagem bucólica pontilhada de oliveiras.
A poucos minutos de carro fica a icônica praia de Voidokilia, em formato de ferradura. Considerada uma das mais bonitas e preservadas da Grécia, é perfeita para snorkel. Acima das dunas de Voidokilia está um túmulo que se acredita ser de Thrasymedes, filho do lendário rei Nestor, da Odisseia de Homero. As ruínas do Templo de Nestor, também nas proximidades, são um dos marcos históricos mais conhecidos da região.
A capital regional, Kalamata, famosa por suas azeitonas, tem um aeroporto internacional cada vez mais movimentado e sedia um festival de dança. Dormente há duas décadas, o aeroporto de Kalamata conta com voos de grandes centros europeus.
Há muito o que explorar, seja de bicicleta, carro, táxi, barco ou a pé. O castelo de Pylos, localizado no alto de um penhasco, oferece uma vista panorâmica do pôr do sol.
A região também abriga várias cachoeiras, como a de Kalamaris, que fica a cerca de 5 km de Gialova e oferece uma trilha encantadora para um banho refrescante.
Para quem ainda deseja visitar uma ilha grega, basta dirigir por 20 minutos até Methoni e pegar um barco para Sapienza, onde você encontrará enclaves isolados com águas cristalinas, podendo até avistar golfinhos e flamingos migrando em setembro. O que você não encontrará: beach clubs com cadeiras de praia a 200 euros (R$ 1221) por dia, como em Mykonos.