Confinamento de gado deve crescer com custo menor e margem maior no 2º semestre
O confinamento de bovinos no Brasil vai de maio até os picos de abates em outubro. Só no Estado de Mato Grosso, maior confinador do país, o crescimento deve ser de 57,5% em relação a 2023, com 874,31 mil cabeças, segundo amostra de pesquisa de intenção com 98 pecuaristas, realizada pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O gado para terminação intensiva no Brasil deve alcançar 7,379 milhões de bovinos em 2024, o volume representa alta de 2,5% com relação a 2023, segundo estimativa preliminar do Censo de Confinamento da companhia de nutrição animal dsm-firmenich.
Cenário de Confinamento de bovinos
O crescimento significativo no estado, se deve ao maior otimismo dos pecuaristas neste ciclo, depois de dois anos de margens enxutas e até negativas. Mesmo diante das oscilações de preços do boi gordo, o crescimento do setor reflete o fortalecimento no poder de compra dos dois principais itens do custo de produção: nutrição e animais de reposição.
O custo da diária confinada se manteve estável em relação mês de abril de 2024. Em julho deste ano, a média que inclui os custos alimentares e operacionais foi de R$ 11,75/cabeça/dia, redução de R$ 0,47 se comparado à média do primeiro levantamento do ano.
Em julho, o boi magro (considerando 12 arrobas) ficou cotado em média a R$ 225,04 a arroba, provocando um ágio sobre a arroba do boi gordo de 10,90% no período, avanço de 3,3 pontos percentuais em relação ao ágio de abril de 2024.
Em 2024, levando em conta os preços médios de janeiro a julho, a margem bruta média da atividade teve uma recuperação de 6,82 pontos percentuais, ficando em 1,03% (essa conta considera apenas os indicadores básicos, sem incluir despesas financeiras).
A adoção aos mecanismos de proteção de preços pelos confinadores, que dá garantia de travamento de preços e, consequemente, maior previsibilidade de lucro, atingiu o maior percentual dos levantamentos do Imea. Cerca de 27,59% dos entrevistados fizeram contratos a termo com frigoríficos, enquanto 21,67% optaram por realizar negociações pela B3.
O Imea disponibiliza uma calculadora para simulação dos cenários de confinamento baseada nos indicadores de cada propriedade.
Expectativa de margem de lucro
Com base nas cotações futuras (B3) e do mercado físico (Campo futuro), nos patamares atuais do boi magro e do milho e a venda do animal terminado em outubro, que indicou que a rentabilidade no período chega na média a 9,07%.
O cenário é mais otimista para o segundo semestre de 2024, do que foi no primeiro, segundo projeção de potenciais resultados para os próximos meses do Projeto Campo Futuro, do Sistema CNA/Senar, em parceria com o Cepea.
Para o abate de animais em outubro de 2024, os estados que se destacam são Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, com expectativas de margem bruta média equivalentes a 18,2%, 14,2% e 12,8% da receita bruta, respectivamente.
Por outro lado, os estados Paraná, Pará e Mato Grosso do Sul apresentaram as menores expectativas de margem do estudo, sendo respectivamente equivalentes a 1,5%, 2,7% e 2,9%, da receita bruta.
Vantagens do confinamento
O confinamento é mais recomendado na época da seca, porque é possível ofertar boi gordo em uma época em que há menor oferta no mercado, no início das águas, conseguindo um melhor preço da arroba. Além disso, é mais fácil manejar os animais confinados na época da seca se eles estão juntos, pois não tem chuva, evita lama e os problemas com isso.
De acordo com a Embrapa Gado de Corte, as principais vantagens para confinar gado são:
- Necessidade de área pequena (12 m2/ animal);
- Ganhos de peso altos;
- Engorda rápida.
A engorda de bovinos em confinamento tem assumido protagonismo na pecuária brasileira. A participação de bovinos confinados no abate nacional atingiu 21,3% no ano passado.
Por Janaina Honorato.