Botsuana: encontro com leopardo e as planícies alagadas no Delta do Okavango
Acima da África do Sul, no coração da África Austral, o Botsuana é um país que nos presenteia com uma natureza nua e crua, sendo lar de majestosas espécies do Reino Animal. Permeadas pelo Deserto Kalahari e pelo Delta do Okavango, as paisagens exuberantes são apenas uma parte da calorosa recepção neste incrível território.
Após me surpreender com os leões e elefantes no Parque Nacional de Chobe, ao redor do Belmond Savute Lodge, foi a vez de potencializar minha jornada no país.
Para fechar com chave de ouro a 8ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia, segui para o Eagle Island Lodge, uma propriedade privada da rede Belmond. O que antes era um campo de caça de crocodilos, agora se transformou em hospedagem que preza pela vida animal e local – tudo isso com vistas de tirar o fôlego para a savana.
Abundância de animais soltos em seu habitat natural, planícies aluviais e cursos d’água formam este rico pedaço de terra. Elefantes, hipopótamos, chacais, leopardos e uma vasta diversidade de aves ficam a apenas alguns metros dos veículos do safári.
O avistamento dos animais pode ser feito também pelo ar, a bordo de helicóptero, ou pela água, com canoas de madeira. Junte isso a refeições especiais sob as estrelas e uma visita a comunidade local e temos uma das viagens mais transformadoras da vida à nossa frente.
Chegando no Eagle Island Lodge
Do peculiar aeroporto de Savute, formado apenas por uma pista que corta a savana, subi a bordo de uma pequena aeronave bimotor em direção ao Eagle Island Lodge. Depois de cerca de 45 minutos, desci na propriedade privada.
A pista não é muito diferente das outras da região, já que, logo na chegada, elefantes rodeiam o local e nos lembram que, aqui, quem manda são eles.
Vale destacar que também é possível chegar em Eagle Island a partir de Maun, cidadezinha que é porta de entrada para o turismo no Botsuana, em um voo de 20 minutos.
A hospedagem
-
1 de 3
Elefante passeia em frente ao Eagle Island Lodge, em meio a planícies do Delta do Okavango • Divulgação/Belmond
-
2 de 3
Acomodações do Eagle Island Lodge possuem banheira, chuveiro externo e vistas para a savana • Divulgação/Belmond
-
3 de 3
Refeições estão inclusas nas diárias e são feitas em local aberto para a natureza • Divulgação/Belmond
-
A hospedagem do Eagle Island Lodge está situada na ilha de Xaxaba, repleta de palmeiras, que fica rodeada pelas águas do Delta do Okavango em determinados meses, comumente entre junho e setembro. O delta é, inclusive, um Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, sendo um dos raros sistemas de deltas localizados no interior de um país que não desaguam no oceano.
Aqui, as boas-vindas são dadas com cantorias e danças típicas que só Botsuana oferece. A equipe do lodge nos recebe da maneira mais doce possível e nos acompanha para dentro deste verdadeiro oásis.
São 12 tendas de luxo que acomodam, no máximo, 24 hóspedes por vez. As acomodações são elegantes e contam com banheira, piscina privativa e até chuveiro externo com vista para a savana.
Do café ao jantar, todas as refeições estão inclusas, aproveitadas em um lounge ao ar livre de frente para a planície aberta, onde alguns animais correm livres, a exemplo certos babuínos. Quando o sol cai, o céu estrelado dá as caras, perfeito para encerrar o dia junto de uma massa e um vinho do continente.
Massagens no spa, biblioteca, sala de TV e uma variedade de atividades fora da propriedade estão entre as comodidades oferecidas. No entanto, como era de se esperar, os safáris são, sem dúvida, o grande atrativo da região.
Os safáris
-
1 de 4
Leopardo observa movimentação na savana do alto da copa da árvore • CNN Viagem & Gastronomia
-
2 de 4
Daniela Filomeno ao lado de leões em safári no Delta do Okavango • CNN Viagem & Gastronomia
-
3 de 4
Safáris podem ocorrer em diferentes horários, desde manhã até a noite, mas todos são únicos • CNN Viagem & Gastronomia
-
-
4 de 4
Safáris tem paradinhas para cafés e refrescos e os conhecimentos dos guias fazem toda a diferença • CNN Viagem & Gastronomia
Aprender sobre o mundo animal ao vivo requer paciência e muito respeito. Isso só é possível ao lado de guias locais, que conhecem o terreno e a dinâmica dos animais e da natureza como a palma da mão. Assim como no Savute Lodge, a experiência seguiu o mesmo rigor nestas bandas.
Com saídas em diferentes horários, cada passeio é único. No primeiro dia, durante a tarde, fomos em busca de leopardos em uma aventura off-road. Passamos por manadas de elefantes, mas nada dos felinos.
“Eles vão para lugares elevados para vistoriar a área. Ficar no chão, com a grama alta, dificulta a visão”, diz Watch Sehupa, guia do Eagle Island que me acompanhou durante a estadia. A aventura ao lado dele fez toda a diferença, já que, entre seus conhecimentos, soube exatamente identificar rastros de leopardos no chão.
Depois de algum tempo de andança, ele surgiu: imponente, austero, de passos mansos. Passou ao lado do nosso carro, se esfregou na roda e deixou todos apreensivos, mas logo se afastou, causando apenas fascínio.
Vi também uma mãe felina que deixou o bebê de aproximadamente cinco meses escondido atrás de arbustos. Avistar um animal majestoso desses faz a gente ganhar o dia. E, ao entardecer, observei mais um espetáculo, desta vez no céu. O pôr do sol ganhou várias cores e coroou uma experiência para ficar na memória.
O outro dia já começou cedo, com foco nos leões. Em uma matilha, se movimentavam para lá e para cá enquanto os avistava com ajuda de binóculos. Foi mais um dos momentos incríveis da viagem.
Vida local
-
1 de 2
Quando as águas inundam as planícies, entra em cena o mokoro, uma canoa de madeira • CNN Viagem & Gastronomia
-
2 de 2
Pôr do sol neste pedaço da África é, por si só, um acontecimento • CNN Viagem & Gastronomia
No Eagle Lodge, outras modalidades de avistamento de animais convivem com o safári. Imagine ver as planícies de cima, por meio de helicóptero, ou, quando as águas permitem, passear de canoa? Até saídas noturnas ocorrem aqui.
De noite, com a escuridão da savana, os animais mudam de comportamento e se encontram em áreas mais abertas. Os felinos ficam mais agitados e hipopótamos saem da água, andando livremente. Com ajuda de lanternas especiais, iluminamos a savana e fomos testemunhas de uma vida selvagem fantástica, com chacais de um lado e gatos selvagens do outro.
A convite da Belmond, já com o dia ensolarado, o passeio de helicóptero foi mais um dos pontos altos da viagem. Lá de cima ganhamos outra perspectiva. Búfalos, zebras e elefantes corriam lá embaixo em um terreno marcado por canais d’água e planícies esbeltas.
Por fim, a água também é um meio de se conhecer um pouco mais da região. O Rio Okavango nasce na Angola e chega ao Botsuana como um canal, que começa a formar o delta. Em certos meses, como de junho a setembro, a água começa a tomar conta do terreno em volta do Eagle Island Lodge, inundando o entorno e atraindo ainda mais animais.
Antílopes aquáticos, hipopótamos e crocodilos podem ser avistados e são espécies que não podemos encontrar na área do Savute Lodge, por exemplo. Em frente à hospedagem, é possível subir a bordo do mokoro, uma canoa de madeira que segue pelo canal em um passeio inspirador.
Para finalizar a viagem, sai da área do Eagle Lodge e segui até o vilarejo mais próximo para ver como é a vida local. Para minha surpresa, encontrei uma feirinha de artesanato, que corresponde a um dos modos de subsistência das mulheres da vila. Minha presença aqui foi retribuída com mais cantorias e danças, além da simpatia dos moradores locais.
Digo que uma das melhores formas de ajudar um local é conhecê-lo. E a viagem ao Botsuana provou ser um exemplo concreto dessa filosofia.
British Airways revela imagens da 1ª classe do Airbus A380 superjumbo