Aprosoja Brasil recebe denúncia de formação cartel dos fertilizantes fosfatados

Aprosoja Brasil recebe denúncia de formação cartel dos fertilizantes fosfatados
Publicado em 04/09/2024 às 11:24

A Aprosoja Brasil recebeu denúncia de produtores e de empresas importadoras de insumos de uma possível formação de cartel ao redor do mercado fornecedor de fertilizantes fosfatados concentrados.

De acordo com a denúncia, o preço do fertilizante foi internalizado no país a um preço até 100 dólares mais caro do que o mesmo fertilizante posto em paridade na Índia. Embora se observe um movimento de escalada de preços dos fosfatados em nível global, não há uma explicação para o descasamento do preço no Brasil.

De acordo com dados dos especialistas consultados pela Aprosoja Brasil, há muitos fatores que explicam o descasamento dos preços dos fertilizantes fosfatados dos demais. A China, país muito importante no fornecimento global de fosfatados, adotou uma política de restrição das vendas de ureia e fosfatos para o exterior na tentativa de controlar os preços internos e reduzir os custos aos produtores locais, o que elevou a pressão sobre a demanda.

A elevação do custo de energia, problemas logísticos e sanções também explicariam, em parte, a elevação dos preços e, por consequência, uma busca por fornecedores alternativos ao redor do mundo, como o Egito e a Arábia Saudita.

Porém, nenhuma destas explicações justifica o que foi observado no Brasil. A tonelada do superfosfato triplo (TSP), que custava, em média, US$ 420 no Brasil, em maio de 2024, passou para US$520 em agosto. Porém, no mesmo período, foi vendido a US$ 80 dólares mais barato para a Índia.

De acordo com o presidente da Aprosoja, Maurício Buffon, é natural haver diferença de preços de fertilizantes. “Neste momento, o produtor de soja e milho tem uma relação de troca melhor para o potássio e desfavorável para os fosfatados. Isto nós estamos acostumados e ficamos atentos para fechar o melhor preço possível. Mas não há explicação para este descasamento no preço do ‘super triplo’”, afirmou.

Na avaliação do diretor executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, o momento não poderia ser pior. “A safra passada é uma safra para esquecer. Queda de preço combinado com queda de produtividade. Mas olhando para frente, não temos um cenário melhor. Pelo contrário, Chicago segue pressionado e os custos de produção não desceram o suficiente para compensar a queda de preço”, ressaltou.

Ainda conforme o presidente Buffon, o próximo passo da entidade será fazer um estudo mais detalhado e, a depender do diagnóstico, apresentar uma denúncia junto ao CADE. “Não vamos aceitar que empresas que deveriam ser parceiras do produtor queiram se aproveitar de seu poder econômico e tirar vantagem disso, infringindo as leis brasileiras” acrescentou.

Por fim, para o presidente da Aprosoja Brasil, é importante fazer uma correlação entre os preços dos fertilizantes praticamos hoje e durante a pandemia. “Quando os produtos foram internalizados a um preço mais baixo na época da Covid 19 as empresas reajustaram os fertilizantes.
No entanto, após a pandemia, com a redução dos preços pagos pelos grãos no mercado internacional, os valores dos fertilizantes continuam elevados. As empresas ganharam dinheiro. Os balanços dessas empresas comprovam que as multinacionais tiveram superfaturamento. E agora continuam com o mercado fechado entre elas e não retornando os preços desses insumos para a realidade mundial”, concluiu.

Por Ascom Aprosoja Brasil.

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