A presença de facções criminosas no Tocantins, assim como em outras regiões da Amazônia Legal, tem se tornado uma preocupação crescente. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC), revelou que facções estão presentes em diversos municípios do estado, com destaque para as maiores cidades.

Segundo o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, Araguatins, Xambioá, Cariri e Taguatinga possuem ao menos uma facção identificada. Já em Araguaína, Miracema, Paraíso do Tocantins, Palmas e Gurupi, o cenário é mais alarmante, com a presença de pelo menos duas organizações criminosas atuando.

A expansão das facções na Amazônia Legal reflete uma tendência preocupante. Entre 2023 e 2024, o número de municípios com atuação de facções cresceu de 178 para 260, representando 33,7% dos 772 municípios da região. Apesar disso, o número total de facções identificadas na Amazônia Legal diminuiu de 22 para 19 no mesmo período, destacando o fortalecimento de grandes grupos, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), originários do Sudeste.

Cenário do Tocantins no contexto da Amazônia Legal
A Amazônia Legal, que inclui nove estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão), foi delimitada em 1953 com o objetivo de promover políticas de desenvolvimento para a região. No entanto, a violência relacionada ao narcotráfico e às facções cresceu de forma acelerada nos últimos anos.

No Tocantins, a presença das facções em cidades estratégicas demonstra um movimento de interiorização da violência, com impactos diretos na segurança pública local. Em municípios maiores, como Palmas e Araguaína, os conflitos entre facções rivais tendem a se intensificar devido à disputa por território e controle do tráfico de drogas.

Impactos e desafios para a segurança pública
A expansão das facções criminosas na região representa um desafio significativo para as autoridades. Em cidades menores, como Cariri e Xambioá, a presença de uma única facção reflete a tentativa de controle absoluto do território, enquanto nas maiores, o embate entre diferentes grupos gera aumento de homicídios, ameaças e outros crimes violentos.

A queda no número total de facções na Amazônia Legal indica uma consolidação de grupos mais fortes, que expandem suas operações para áreas anteriormente controladas por organizações menores. Isso demanda uma resposta articulada das forças de segurança, tanto no Tocantins quanto nos demais estados da Amazônia Legal, para conter o avanço dessas organizações.

O estudo reforça a necessidade de políticas integradas de combate ao crime organizado, investindo em inteligência policial, fortalecimento das instituições e ações sociais que mitiguem as causas da violência, como desigualdade social e falta de oportunidades em áreas vulneráveis.