Veja quem são os policiais e o guarda metropolitano suspeitos de executar homem em oficina e forjar troca de tiros

Veja quem são os policiais e o guarda metropolitano suspeitos de executar homem em oficina e forjar troca de tiros
Publicado em 15/10/2024 às 18:33

Polícia Civil cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em operação que investiga a morte de Jaimeson Alves da Rocha. Suspeitos foram afastados das funções.

 

Jaimeson tinha passagens pela polícia e foi morto em abordagem da Rotam — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

 

Cinco policiais militares e um guarda metropolitano de Palmas são investigados pela Polícia Civil, suspeitos de executar Jaimeson Alves da Rocha a tiros dentro de uma oficina de motos. A suspeita da polícia é de que eles forjaram uma troca de tiros para encobrir a ação e plantaram uma arma no local do crime.

 

Os investigados são:

 

Wanderley da Silva Junior – sargento da PM e comandante da viatura que realizou a abordagem.

 

Lilton Pinto Cardoso Lima – cabo da PM que participou da abordagem. Ele supostamente teria tirado a arma de fogo da mão de Jaimeson depois do suposto confronto.

 

Willian Tiago Lopes e Danilo Henrique Rocha Filgueiras – eram membros novatos do grupo de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam). A investigação acredita que a suposta execução tenha sido parte de um ritual para o ‘batismo’ deles.

 

Adeone Antônio Bernardo de Jesus – cabo da PM e membro da inteligência do Batalhão de Choque. Ele teria participado da abordagem e feito a vigilância do local durante o suposto confronto.

 

Emanuel Portinari Ferreira Lima – inspetor da Guarda Metropolitana. Teria ordenado o monitoramento da motocicleta da vítima pelo sistema de vigilância de Palmas por vários dias, além de ajudar na vigilância e controle das testemunhas no local da abordagem.

 

Na manhã desta terça-feira (15), a Polícia Civil cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em operação que investiga a morte de Jaimeson.

 

A decisão da 1ª Vara Criminal de Palmas também determinou o afastamento dos investigados do exercício da função pública, suspendeu o porte de armas e proibiu o acesso às dependências da Polícia Militar e Guarda Metropolitana de Palmas. Eles também não poderão se comunicar com funcionários destes órgãos ou entrar em contato com as testemunhas. O juiz também determinou o monitoramento eletrônico deles.

 

Local onde Jaimeson Alves da Rocha foi morto a tiros — Foto: Divulgação/Kaliton Mota/TV Anhanguera

 

O advogado Paulo Roberto, que se identificou como defensor de Wanderley da Silva Jr., Willian Thiago e Adeone Antônio, afirmou que ainda não teve acesso aos autos “tão logo eu tenha acesso a todos os elementos do processo, informo quais serão as atitudes que tomaremos”.

 

O advogado João Fernando, que se identificou como advogado do guarda metropolitano Emanuel Portinari Ferreira Lima, afirmou que ainda não teve acesso integral ao inquérito e que só se manifestará após o acesso integral ao conteúdo.

 

A Polícia Militar afirmou que tomou conhecimento de que a Polícia Civil esteve no Quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHOQUE) para cumprimento de mandados de busca e apreensão em armários de cinco policiais que estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP). Afirmou que colaborou com os trabalhos e lamentou o pedido de busca e apreensão nas dependências do Quartel (veja nota completa abaixo).

 

A prefeitura de Palmas informou em nota que está colaborando com a Polícia Civil no caso do suposto envolvimento de um agente da Guarda Metropolitana, mas que não teve acesso à íntegra dos autos (veja a nota abaixo).

 

Abordagem em oficina

 

Jaimeson Alves da Rocha morreu durante uma abordagem da Rotam em junho de 2024. No dia da ocorrência, a polícia afirmou que ele tinha um mandado de prisão em aberto e fugiu ao ver a viatura. Em seguida, os militares entraram no estabelecimento para fazer a abordagem.

 

Segundo a PM afirmou na época, o suspeito chegou a atirar contra a equipe, momento em que os policiais revidaram a agressão.

 

A versão é contestada pela investigação da Polícia Civil. Os depoimentos e imagens de câmeras de segurança revelaram que Jaimeson chegou à oficina e entregou a moto para ser consertada por um funcionário do local.

 

A Rotam só teria chegado à oficina minutos depois. Uma das testemunhas chegou a dizer para a Polícia Civil que antes de ser retirada da oficina viu Jaimeson rendido e com as mãos para cima.

 

A Polícia Civil descobriu que antes da execução, a vítima foi monitorada ilegalmente por meio das câmeras de trânsito de Palmas e teve os passos vigiados por membros do grupo. O monitoramento ocorreu por pelo menos nove dias.

 

A investigação também aponta que não houve troca de tiros e a arma encontrada próximo de Jaimeson, supostamente, foi plantada no local da morte.

 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o revólver que foi atribuído a Jaimeson foi periciado pelo Laboratório de Genética da Polícia Civil do Tocantins que constatou que o contato dele com a arma se deu de maneira forçada e quando já estava sem vida. No gatilho, foram encontrados DNA da vítima e de mais duas pessoas, reforçando a tese de que a arma foi manuseada por outra pessoa e, portanto, plantada no local do crime.

 

Jaimeson tinha extensa ficha criminal, mas a suspeita da Polícia Civil é de que ele foi morto como uma forma de vingança. Isso porque em dezembro de 2023 ele teve um desentendimento e trocou socos com policiais durante outra abordagem.

 

Na época, ele foi baleado na perna e depois foi preso. Após sair da cadeia, seus parentes teriam sido alvo de ações e buscas da polícia sem ordem judicial.

 

Íntegra da nota da Polícia Militar

 

A Polícia Militar do Tocantins tomou conhecimento de que na manhã desta terça-feira,15, a Polícia Civil esteve no Quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHOQUE) para cumprimento de mandados de busca e apreensão em armários de cinco policiais que estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP), por terem, segundo investigações consignadas em Inquérito Policial, praticado homicídio contra um indivíduo, na Região Sul da capital Palmas, em junho deste ano de 2024, durante um cumprimento de mandado de prisão por crimes de tráfico de drogas, roubo, porte ilegal de armas e associação ao tráfico.

 

A PMTO colaborou com os trabalhos do cumprimento de mandados de busca e apreensão, por meio da Corregedoria, e acompanhou o cumprimento da ordem judicial, com um oficial presente em todos os locais que foram alvos da operação.

 

A Polícia Militar lamenta o pedido do Delegado que preside o Inquérito da busca e apreensão nas dependências do Quartel, haja vista que as armas e os depoimentos dos policiais foram colhidos no ato da apresentação da ocorrência na Delegacia de Polícia (Depol).

 

Na oportunidade, a Polícia Militar do Tocantins ratifica seu compromisso com a legalidade e reforça o seu compromisso com a lei, a ordem e a ética, destacando ainda que repudia ilações ou suposições que envolvem o caso veiculadas sem a devida comprovação e que irá colaborar no que for necessário durante as investigações.

 

Íntegra da nota da Prefeitura de Palmas

 

A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana (SESMU), informa que desde que teve conhecimento da investigação está colaborando com a Polícia Civil no caso do suposto envolvimento de um agente da Guarda Metropolitana de Palmas que culminou na morte de uma pessoa no bairro Jardim Aureny III, em junho deste ano.

 

Contudo, a SESMU não teve acesso à íntegra dos autos, mas, sendo confirmada a participação do agente, a pasta tomará todas as medidas cabíveis para apurar possíveis desvios de conduta e aplicar as sanções dentro do que determina a legislação. Cumpre ressaltar que a gestão permanece à inteira disposição das autoridades policiais para quaisquer esclarecimentos ou envio de informações.

 

(Fonte: g1 Tocantins)


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