Atleta detona comentarista e expõe “guerra“ na equipe de atletismo do Brasil
Atleta do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), Londres (2012), Rio de Janeiro (2016) e Tóquio (2020), Ana Cláudia Lemos Silva detonou Rodrigo Nascimento, comentarista do Grupo Globo na Olimpíada de Paris.
As críticas vieram após a derrota da equipe brasileira na prova do revezamento 4×100 masculino, disputada nesta quinta-feira (8). Na transmissão, o velocista criticou os atletas brasileiros.
“Rodrigo, comentarista do SporTV, falando besteira. Como sempre o atleta passando pano para o treinador do 4×100, treinador esse que é o treinador dele pessoal”, iniciou Ana Claudia.
Nascimento, que compete pela equipe nacional de atletismo, mas não se classificou para Paris 2024, é treinado por Victor Fernandes, comandante contratado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para liderar o 4×100 masculino e feminino.
“Alô SporTV, além de comentar muito mal, está passando pano. Gente, que absurdo é esse? Um comentarista que deveria falar a verdade, está dizendo que os atletas têm que repensar?”, continuou a corredora olímpica.
“Conta aqui, Rodrigo, os bastidores, conta a falta de treinos, sua reunião entre os atletas (você não se diz capitão?). Desculpa, você não é capitão e precisa aprender a falar o que de fato aconteceu”, cobrou Ana Cláudia.
Comentários
Na transmissão da prova de atletismo no SporTV, Rodrigo Nascimento colocou a culpa da derrota apenas nos atletas.
“Infelizmente não fizemos uma boa largada, não tivemos uma corrida boa de todo mundo. Olhando as parciais a gente viu que ninguém correu muito bem. Já sabia um pouquinho, pela fase que estamos passando na velocidade, agora é fechar o ciclo, virar a página de alguma forma e rever tudo o que foi feito de errado, o que a gente pode acertar novamente. Porque não pode ficar assim, não podemos ficar fora das grandes competições com o currículo que a gente tem”, iniciou.
“Para finalizar o assunto, os atletas têm que ser responsáveis pelo resultado. Vejo muita gente cobrando dirigentes, cobrando treinadores. Não. Quem entra em pista? Os atletas. A gente está bem treinado. Isso eu estou falando, porque carreguei esse pino durante três anos. Essa é a minha palavra de atleta. Me responsabilizo por tudo que eu falo”, continuou.
“Treinamos, tivemos todo o investimento do Comitê Olímpico do Brasil (COB), da CBAt para conseguir chegar e entregar o nosso melhor. Hoje não conseguimos, infelizmente. Mas a gente, como atleta, temos que nos responsabilizar. Colocar a mão na consciência”, disse ainda.
Rodrigo relembrou que a melhor chance de medalha do Brasil, no atletismo, seria o revezamento.
“Temos um individual forte? Temos. Mas já vimos em várias competições que quando chega nesse momento, não conseguimos um bom resultado. Temos que reparar que nossa melhor chance de medalha olímpica é no revezamento, é por equipes”, complementou.
Retrospecto
Na declaração de Ana Cláudia, ao citar uma reunião, ela se refere a um momento do camping de treinamento do atletismo, em janeiro deste ano. Nos Estados Unidos, alguns dos melhores corredores brasileiros, como Rodrigo e Paulo André, se reuniram. As informações são do colunista Demétrio Vecchioli, do UOL.
Rodrigo teria organizado uma reunião com os colegas de equipe e Victor Fernandes. O atleta não permitiu a entrada dos treinadores individuais de cada velocista no quarto do alojamento, o que gerou um desconforto na equipe.
Após o camping, atletas e treinadores reclamaram da falta de treinamentos específicos para o revezamento, como a passagem de bastão.
O time feminino não participou do acampamento de treinamento. Elas foram treinadas informalmente, em São Paulo, pelo treinador e ex-corredor Katsuhico Nakaya.
A equipe masculina se classificou para a Olimpíada pela repescagem, devido aos resultados de 2023. Eles não conseguiram a classificação direta após resultados ruins no Mundial de Revezamento, nas Bahamas, em maio deste ano.
Já Rodrigo Nascimento ficou fora de Paris 2024, após ser superado por Hygor Gabriel. Nascido em Natal-RN, o jovem de 21 anos treinava a partir de vídeos no YouTube. Ele conseguiu a vaga quando garantiu a medalha de prata no Troféu Brasil, em junho. Ele desbancou Rodrigo, quarto no ranking mundial.
Elogios
No X, antigo Twitter, os comentários da Cazé TV, por outro lado, foram elogiados pela velocista Ana Cláudia Lemos e por internautas. “O Andre Domingos na CazéTV espinafrou a comissão técnica, convocação, preparação, tudo”, disse um espectador. “Corretíssimo”, respondeu Ana.
“Estou muito decepcionado, mas não com os atletas brasileiros, mas com a situação que foi feita para que esses atletas pudessem treinar. Uma confusão horrível. Esse time foi para a Flórida, aconteceu de tudo lá”, iniciou André Domingos, comentarista do canal e atleta do revezamento em edições passadas dos Jogos Olímpicos.
“Treinador que estava lá que não deveria estar, que não tinha méritos para estar lá. Atletas totalmente tristes com a situação. É uma situação vexatória para o Brasil. O Brasil que já subiu ao pódio olímpico no masculino por duas vezes”, continuou.
“Nós tínhamos atletas com condições reais de estar nessa final. Mas por conta de todo um sistema, não respeitando leis, critérios de convocação, levando qualquer um, fazendo desse revezamento uma falta de respeito. Tiraram treinadores que deveriam ser titulares”, disse André, ao se desculpar pelo desabafo.
A atleta Rosângela Santos também disse ter ficado impressionada com os momentos de preparação da Seleção Brasileira de Atletismo.
“Uma situação que rolou, que eu nunca vi nos meus 25 anos de atletismo. O coordenador do revezamento ser o treinador do revezamento e não ter um planejamento correto. Os atletas passarem 45 dias nos Estados Unidos, todo mundo abandona todo o conforto, a família, a casa e não ter um treinamento adequado”, iniciou.
“Os atletas treinando uma vez na semana. Você vai para os Estados Unidos por 45 dias e treina duas três vezes. Onde que pode um negócio desse? É inadmissível. É muito triste”, continuou Rosângela com ajuda de André.
Defesa
Os comentaristas ainda defenderam os atletas brasileiros. “Os atletas são os menos culpados”, analisou André Gonçalves.
“Vocês estão vendo os atletas na pista e acham que foram amarelões, foram isso, foram aquilo, mas não. Uma equipe tem que ser treinada. Assim como é o futebol e todas as modalidades coletivas. O revezamento é o coletivo do atletismo”, apontou Rosângela.
Até o momento, nem a CBAt, nem o COB se pronunciaram sobre as acusções.
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